por SUSANA SALVADORHoje
Tribunal confirmou a liberdade condicional do fundador da organização que tem divulgado a correspondência diplomática dos EUA. Próxima audiência é a 11 de Janeiro.
Uma mansão de dez quartos com 160 hectares de terreno e não uma cela de isolamento na prisão de Wandsworth. Será aí que Julian Assange passará o Natal, após um juiz britânico confirmar a decisão de o deixar em liberdade mediante o pagamento de uma fiança de 240 mil libras (cerca de 280 mil euros). Acusado de crimes sexuais na Suécia, o fundador da WikiLeaks regressa ao tribunal a 11 de Janeiro para a audiência da extradição.
"É bom sentir de novo o ar fresco de Londres", afirmou o australiano de 39 anos à saída do tribunal. "Espero continuar o meu trabalho e continuar a defender a minha inocência." Na mensagem, lembrou ainda o seu tempo na cela de isolamento - aparentemente a mesma onde esteve detido o escritor irlandês Oscar Wilde - "no fundo de uma prisão vitoriana", dizendo ter pensado nas pessoas que estão detidas em condições ainda piores que as suas. "Essas pessoas também precisam da nossa atenção e apoio", disse.
Houve ainda tempo para agradecimentos. Primeiro, a todos os que mantiveram a fé nele e ajudaram a sua equipa nos nove dias que esteve preso. Depois aos advogados "que travaram uma luta corajosa e bem-sucedida" e àqueles que contribuíram para pagar a fiança, "diante de grandes dificuldades". Finalmente aos jornalistas e ao sistema judiciário: "Se o resultado não é sempre a justiça, pelo menos ela ainda não está morta."
Assange terá de se apresentar diariamente entre as 14.00 e as 17.00 na esquadra de Beccles, a mais próxima da mansão do jornalista e amigo Vaughan Smith, excepto nos feriados, quando um agente se deslocará à propriedade, a 200 km de Londres. Além de ter entregado o passaporte, Assange tem de usar sempre a pulseira electrónica, para evitar uma fuga.
A decisão do tribunal foi conhecida às 13.00, mas Assange só saiu cinco horas depois. Durante este tempo, os advogados tiveram de encontrar mais cinco fiadores, além dos dois iniciais. Estes tiveram de se deslocar ao tribunal, ou a uma esquadra da polícia, para preencher a documentação necessária e serem aprovados. Um deles foi recusado, o jornalista australiano John Pilger, descrito pelo juiz como "outro australiano ambulante", como o próprio Assange.
Além de Smith, o ex-coronel e jornalista de guerra que fundou o Frontline Club e na casa de quem Assange está hospedado, a fiadora inicial era Sarah Saunders, designer de restaurantes e sua amiga pessoal. A estes juntaram-se o biólogo e Nobel da Medicina John Sulston; o editor da revista Week, -Felix Dennis; o jornalista Philip Knightley; o ex-ministro do Labour Matthew Evans; e a professora universitária Patricia David.
Os defensores do australiano temem que esteja a ser vítima de um processo político e que seja entregue pela Suécia aos EUA. Segundo o New York Times, Washington tenta encontrar provas de que Assange conspirou com o ex-analista militar Bradley Manning, acusado de dar os dados à WikiLeaks
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