sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Pinheiro, MA, não tem rede de esgoto nem aterro sanitário

Pinheiro, MA, não tem rede de esgoto nem aterro sanitário

Há fossas nas calçadas, diante das casas. Os respiros vazam direto para a sarjeta e tudo escorre para uma vala. Tudo é despejado num lixão, na periferia da cidade. 

A equipe do JN no Ar já percorreu 40 mil quilômetros pelo Brasil e chegou ao município maranhense de Pinheiro. Maranhão: 6,4 milhões habitantes. As praias e os Lençóis Maranhenses são o destino de quase um milhão de turistas por ano.
“Tem bumba meu boi, quadrilhas, tudo o que o maranhense pode aproveitar e outras pessoas que vêm nos visitar”, contou uma moradora.
O principal setor da economia é o de serviços, com destaque para o comércio. A renda média mensal é a terceira menor do país: R$ 594.
Cerca de 90% dos moradores não têm acesso à rede de esgoto em casa e quase 43% não têm água encanada.
O estado tem a terceira mais alta taxa de mortalidade infantil do Brasil e a quarta maior proporção de analfabetos. O Maranhão tem 4,3 milhões eleitores.
O repórter Ernesto Paglia falou, ao vivo, do aeroporto de São Luís do Maranhão, com o apoio técnico da TV Mirante.
A cidade de Pinheiro fica a pouco menos de 90 quilômetros de distância da capital e quem faz o trajeto por terra tem que cruzar de balsa até lá e isso demora mais de três horas. A equipe fez o trajeto em pouco mais de meia hora para conhecer a realidade, muitas vezes difícil, dos quase 80 mil habitantes da cidade de Pinheiro.
O jato ficou em São Luís. A equipe foi de turbo-hélice para Pinheiro. Cruzaram os belos campos alagados, uma espécie de pantanal maranhense. Logo viram os búfalos que são motivo de polêmica.
O Ministério Público Estadual exige na Justiça que os criadores cerquem o gado, trazido da África na década de 60. Pesados, capazes de comer quase tudo que encontram, os búfalos são acusados de prejudicar o meio ambiente.
Na cidade, o estádio mais antigo do Maranhão é cenário de um campeonato amador vibrante: 36 times disputam a liga pinheirense. Vários craques viraram profissionais.
“O futebol aqui no nosso município vem contrapor a questão das drogas”, disse o presidente da Liga de Futebol, Filemon Guterres.
Nas ruas, muita gente se aproximou para levar queixas. As disputas políticas parecem impedir o progresso de Pinheiro. “Está feia a situação dos pobres, eles estão sofrendo, sendo todos humilhados. O dinheiro da verba vem pra cá e eles guardam tudo. Educação, saúde, nós não temos”, se queixou a professora Concita Marques.
Pinheiro não tem esgoto. Há fossas nas calçadas, diante das casas. Os respiros vazam direto para a sarjeta e tudo escorre para a Vala do Gabião.
Pinheiro é um polo de comércio para 20 municípios para a Baixada Maranhense. A feira tem de tudo, mas os consumidores dividem espaço com os urubus.
Cinco anos atrás, começaram a construir uma área de lazer que ficou inacabada.
Em junho, um caso de pedofilia causou espanto no país. Um lavrador teve oito filhos com as próprias filhas. A prisão dele deflagrou uma onda de denúncias. Hoje, há outros 17 acusados de pedofilia na delegacia regional.
“Mesmo com a nossa estrutura, mas nós temos boa vontade e, com apoio da sociedade, nós vamos sim, pelo menos minimizar. O importante é denunciar”, declarou a delegada Laura Amélia Barbosa.
O padre Luigi Risso saiu da Itália há 50 anos, direto para Pinheiro. Construiu estradas, clínicas, poços e, principalmente, escolas.
Hoje, 1,7 mil crianças entre 2 e 6 anos frequentam creches mantidas pelo padre, pagando R$ 20 por mês. Não há ajuda oficial. As escolas são mantidas por doações, principalmente do exterior.
“Educação é importante porque é tudo. O povo educado não pode ser dominado”, destacou ele.
Sem aterro sanitário, Pinheiro despeja tudo no lixão, na periferia da cidade. O esgoto sem tratamento polui o lindo Rio Pericumã e as lagoas dos campos vizinhos.
“Essa sujeira vem toda para cá. A Vala do Gabião desce toda para esse canto. Como isso pode ser uma água limpa”, questiona Maria Santa.
Dona Maria Santa tem restaurante de peixe na beira do rio. A especialidade é a piaba, o lambari do Sul, e o delicioso ensopado de bagre. Tudo com a famosa farinha de mandioca de Pinheiro. O restaurante tem 30 anos. Dona Maria teme pelo futuro do rio e do próprio negócio.
“Prejudica a comida, com certeza. Muda o sabor. Acho que vai melhorar. Tem que melhorar”, deseja ela.
A equipe do JN no Ar descansa neste sábado. No domingo, o próximo destino será sorteado no Fantástico.

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